De
Políticos e líderes
10/08/2014
Por
Henrique Meirelles
A
melhor definição do papel do líder e do político é a de que o político fala o que
o povo quer ouvir, enquanto o líder fala o que o povo deve ouvir. O equilíbrio
entre as duas posturas define o sucesso dos grandes lideres políticos.
A
história mostra que líderes que se distanciam excessivamente do que o povo está
preparado a ouvir em determinado momento terminam derrotados ou até destruídos
politicamente.
Por
outro lado, o político que só diz o que o povo quer ouvir pode até ter sucesso
e sobrevida política, mas será de pouca utilidade à população e ao seu país,
podendo até prejudicá-los.
O
Reino Unido é um exemplo interessante. O governo de David Cameron efetuou uma
política dura para reformar a economia e torná-la mais competitiva. Controlou
as despesas públicas de um Estado perdulário e liberou recursos no setor
privado para consumo e investimento. Teve grande sucesso, e a economia
britânica é a que mais cresce na Europa. Mas ele enfrentará eleição difícil em
2015 contra adversários que prometem maior distribuição de recursos públicos.
Em
vários países da Europa, e mais ainda nos países da América Latina, há exemplos
de políticos que conseguem manter o poder com desempenho econômico medíocre e
endividamento crescente do Estado. Sobrevivem a essas más políticas
distribuindo recursos públicos e promovendo políticas populistas que agradam
aos beneficiados, mas prejudicam o país.
Sábio
é o povo capaz de discernir e premiar os que tomam decisões e praticam gestão
que podem não trazer resultados imediatos, mas certamente aumentam o bem estar
da população em prazo maior. E o longo prazo demora, mas chega.
O
desafio que se coloca aos políticos que disputam as eleições no Brasil é achar
o equilíbrio certo entre as propostas econômicas que, se cumpridas, façam o
país voltar a crescer e a flexibilidade para equilibrar essas medidas com
mensagens aceitáveis aos que preferem benefícios mais imediatos, mantendo
sempre a responsabilidade fiscal.
Tivemos
exemplos bem sucedidos no Brasil na década passada, quando o país controlou a
inflação, diminuiu a dívida pública (até a eclosão da crise), cresceu com vigor
(elevando a arrecadação, o que permitiu expandir programas sociais) e gerou
milhões de empregos (melhorando a distribuição de renda). Tudo isso garantiu
índices de aprovação expressivos ao governo.
Será
interessante observar e analisar o debate eleitoral e, mais interessante ainda,
as ações dos que resultarem vitoriosos. Os resultados das políticas econômicas
aplicadas nos próximos anos serão fundamentais para o bem estar dos
brasileiros.
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